COMUNICAÇÃO

Reflexões e emocionantes trocas de experiência marcam 1º Mamaço Virtual da Defensoria baiana

11/12/2020 12:11 | Por Júlio Reis - DRT/BA 3352

Evento se insere na recente opção da DPE/BA em vincular as defensoras, servidoras, estagiárias e colaboradoras lactantes à permanência em regime de trabalho remoto

Uma roda de conversa marcada por depoimentos emocionados marcou o 1º Mamaço Virtual promovido pela Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA na manhã desta quinta-feira, 10. A iniciativa se soma ao esforço da Instituição em pautar e desenvolver o diálogo sobre a amamentação como exercício do direito das mulheres sobre seus corpos.

O evento, que contou com a participação de defensoras, servidoras, estagiárias e colaboradoras da DPE/BA, a maioria das quais acompanhadas de seus bebês, se inscreve no âmbito da recente opção política da DPE/BA em promover o direito de permanência em regime de trabalho remoto durante toda a pandemia do novo coronavírus para as mães em fase de lactação. 

Com mediação da defensora pública e coordenadora da Especializada de Proteção aos Direitos Humanos, Lívia Almeida, o momento de conversas e troca de experiências entre defensoras, servidoras e convidadas contou ainda com apresentações iniciais da doutoranda em antropologia Maria Santana e da médica obstetra e parteira Carla Daher.

Discorrendo e provocando reflexões sobre temas como a alimentação fisiológica, nutrição emocional da criança em contato com as mães e cuidadoras(es), processos e tempos para realizar o desmame, entre outros aspectos da lactação, Carla Daher pontuou a necessidade de pensar o estágio de amamentação como período que requer uma ampla teia de cuidados.

“É preciso entender que a amamentação não depende do amparo só da mãe, ou mesmo da família, mas de um amparo coletivo, social. O Estado deveria ser uma entidade muito interessada em pessoas saudáveis e como que se promove isso? A começar por um neonatal, um parto e um período de amamentação assinalado por cuidados que permitam este desenvolvimento saudável”, destacou Carla Daher.

Já Maria Santana abordou a necessidade de pensar a maternidade e a amamentação para além de um fenômeno natural, senão que atravessado por questões culturais e sociais marcantes. Maria apontou dados e pesquisas sobre o tema, destacando a importância da difusão de uma série de informações que servem para qualificar as escolhas das mulheres e mães.

“Para proteger as mulheres de viverem experiências de sofrimento ou mesmo violência, é muito importante que se difundam os conhecimentos que se têm sobre este período. O direito à autonomia sobre seus corpos, só pode ser realmente exercido a partir de escolha informada”, defendeu a antropóloga.

DEPOIMENTOS

Entre os relatos de vivências estiveram os das servidoras da DPE/BA Jocilene Moreira e Cintia Gomes. Ambas celebraram o deleite de atuarem em uma instituição que se preocupa com os direitos das mulheres à amamentação compreendido como momento não apenas para suprir uma necessidade alimentar, mas de dedicação e afeto para saudável formação das crianças. 

Jocilene comentou ainda de suas dificuldades ao ter que cuidar de recém-nascido durante a pandemia. Sem auxílio da família, que vive em outro município, e mesmo do companheiro por este seguir trabalhando com atendimento ao público em um banco, ela chegou a considerar que estava vivenciando uma depressão pós-parto, sendo diagnosticada, no entanto, com “baby blues”, que causa mudança de humor e melancolia logo após o nascimento do bebê.

Já a servidora Cintia Gomes relatou sobre sua mudança de mentalidade e atitude após se tornar mãe. “Antes via as mulheres amamentando na rua e pensava: ‘como pode, será que não poderiam esperar um pouco para fazer em outro momento?’. Hoje, mãe, vejo como andava bastante equivocada com aquela mentalidade”, assinalou.

Compartilhando igualmente sua história, a defensora pública e também coordenadora da Especializada de Direitos Humanos, Eva Rodrigues, relatou suas dificuldades com o período de amamentação que avaliou como um momento para o qual não se preparara. “Me preparei para a gravidez, para o parto, porém não pensava na amamentação. Foi uma questão que me foi muito dolorosa no seu princípio”, disse Eva Rodrigues.