COMUNICAÇÃO

SANTO AMARO – Ouvidoria da DPE/BA realiza audiência pública sobre poluição ambiental

21/07/2018 8:53 | Por Amanda Santana - DRT/BA 5666

Degradação ambiental, poluição e impacto da contaminação à vida das comunidades quilombolas pesqueiras foram pautas de discussão na audiência, que lotou o auditório da Casa do Samba

Com mais de 200 pessoas presentes, aconteceu nesta sexta-feira, 20, a primeira Audiência Pública sobre a degradação ambiental, poluição e impacto à vida das comunidades quilombolas pesqueiras, no auditório da Casa de Samba, em Santo Amaro.

Temas como lixos hospitalares nos mangues, construções irregulares e empresas de papel que descartam lixo de forma errada nos rios foram discutidos durante o evento, porém o principal assunto foi o descarte do chumbo, que vem há anos sendo um problema na vida dos cidadãos santo amarenses e de comunidades próximas.

A defensora pública que atua em Santo Amaro, Martha Cavalcante, explicou um pouco da situação na cidade: “Uma empresa, há uns 40 anos, não descartou de forma devida as escórias do chumbo e a Prefeitura na época usou estas escórias para fazer ruas e rodovias na cidade, o que faz com que este material contaminado permaneça até hoje e são diversos os relatos de doenças por conta disto”.

A ouvidora-geral da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, Vilma Reis, considerou que os que ali se encontravam, não estavam para falsas promessas, mas na responsabilidade de, enquanto agentes públicos, assumirem a tarefa de tirar do silêncio e da invisibilidade o que acontece com o caso de Santo Amaro. “Temos que ser este ponto de articulação para juntar o povo e construir uma resposta de responsabilidade política diante da tragédia que se abateu sobre essa população”, exclamou a ouvidora-geral.

“A terra que produz alimentos para nossa comunidade e a água do Rio Subaé onde tomávamos banho, estão contaminadas. O povo santo amarense está contaminado, sofrendo e precisávamos de uma Audiência Pública para a melhoria do nosso povo”, comentou a Ialorixá titular do Grupo Operativo da Ouvidoria Cidadã de Santo Amaro, Mãe Zilda.

A professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Juliana Barros, também falou um pouco sobre o cenário de Santo Amaro: “Entendemos a importância desta iniciativa para chamar atenção da sociedade sobre a gravidade da situação – principalmente do chumbo, mas também de outros processos de degradação que o município vem sendo vitima há décadas e que precisam de ações efetivas de investimento. Tanto de ação ambiental, quanto de atendimento às vitimas e pessoas contaminadas”.

Durante a Audiência, além das falas dos que compuseram a mesa e dos órgãos presentes, foi aberto espaço para as vitimas de chumbo concederem seu depoimento, além de serem passados vídeos mostrando a situação de Santo Amaro com o chumbo.

Jacira dos Santos, de 47 anos, nasceu e vive em Santo Amaro durante toda sua vida. Ela fez questão de participar do evento, por sua história com o chumbo ser antiga e perpassar por gerações. O pai dela faleceu com a doença e atualmente todos os dez irmãos de Jacira possuem chumbo no sangue, inclusive ela, em quantidade menor.

A audiência pública foi realizada pela Ouvidoria Cidadã da Defensoria da Bahia em parceria com o Movimento de Pescadores (as) – MPP, o Conselho Pastoral dos Pescadores – CPP, Associação de Comunidades Quilombolas de Subaé e contou com o apoio da Associação dos Sambadores e Sambadeiras do Estado da Bahia – ASSEBA.

Também compuseram a mesa, o representante da Associação das Vitimas de Chumbo de Santo Amaro – AVICA, Adailson Ferreira Moura, a vereadora de Santo Amaro, Giovanna Ferreira da Costa, o Instituto Palmares representada por Camilla Pimentel Gomes, os representantes da Vigilância Sanitária do Município e do Estado, Rafael de Mesquita Pereira e Silvio Roberto, a representante da Comissão Pastoral dos Pescadores, Maria da Conceição Pereira e a Secretaria do Meio Ambiente de Santo Amaro em nome de Diego Sóstenes Borges Ribeiro.