COMUNICAÇÃO
SANTO ESTEVÃO – Com discussões sobre masculinidade tóxica, Grupo Reflexivo para Homens realiza primeiro encontro
O evento aconteceu de forma virtual e convocou os participantes a repensar suas crenças e comportamentos para evitar a violência contra a mulher.
“Também precisamos conversar com os homens. Nós estamos aqui para ouvir os homens e fazê-los refletir sobre suas ações. Cada homem conta sua experiência e dialogamos sobre ações alternativas que evitariam o ato violento. Refletimos sobre a masculinidade tóxica, que infelizmente é cultural na sociedade e sobre as formas de violência. Destacamos que a ameaça e ações de cunho psicológico também são crimes. Nosso propósito é encontrar mecanismos para evitar a violência e desconstruir o pensamento machista e a reiteração delitiva. É preciso refletir com o homem e mudar os padrões”. Foi assim que a defensora pública Ana Jamille Costa definiu o objetivo do encontro do Grupo Reflexivo para Homens – Violência Doméstica, que aconteceu pela primeira vez em Santo Estevão, de forma virtual, na manhã de quinta-feira (19).
A atividade foi realizada em parceria com a Vara de Violência Doméstica e a Ronda Maria da Penha de Feira de Santana e conduzida pelo Sargento Florisvaldo dos Santos Júnior, que há cinco anos integra a ronda, e pela psicóloga Dulcinéa Miranda Pinto Leão. Durante o evento, foi levantada uma discussão acerca da masculinidade tóxica e apresentados alguns pontos da Lei Maria da Penha.
“A gente precisa empoderar as mulheres, mas também precisamos cuidar de quem pratica essas violências. Caso contrário, só vamos conceder medidas [protetivas] atrás de medidas em favor delas. Sem resolver o problema que está no homem, vamos condená-las á violência e à impossibilidade de se relacionar afetivamente com qualquer homem”, declarou o Sargento Florisvaldo.
Ele também destacou os mecanismos naturalizados na cultura que ajudam a construir a masculinidade tóxica. E lembrou como, em sua própria experiência, a expectativa de ter um corpo musculoso para reforçar sua masculinidade e o cerceamento de signos atrelados ao feminino, como sentar com as pernas cruzadas, estiveram presentes.
Em sua exposição, a psicóloga Dulcinéa Leão falou sobre os tipos de violência previstos na Lei Maria da Penha e apontou caminhos para construção de um relacionamento saudável. Para ela, é importante que os participantes não se deixem ser reduzidos aos atos violentos que já tenham cometido. “O ato agressivo é um comportamento, mas não é você. Por isso, é importante distanciar e controlar esse comportamento”, pontuou.
Para Cristiano Gomes, um dos participantes do encontro, a ação promovida pela Defensoria foi importante por possibilitar o diálogo, o acesso a conhecimentos jurídicos e às vivências compartilhadas pelos demais membros do grupo. “O maior aprendizado do encontro foi a questão do não bater de frente, pois nesses casos a pessoa acaba perdendo o controle e deixa a emoção agir no lugar da razão”, afirma.
O Grupo Reflexivo para Homens teve início em Ipirá no ano de 2019. Os encontros para que homens envolvidos em situações previstas pela Lei Maria da Penha repensem seus comportamentos e construam mudanças de atitude também já aconteceram em Alagoinhas e agora inicia as atividades em Santo Estevão.