COMUNICAÇÃO

Segunda etapa do curso de formação interno da Defensoria sobre relações raciais debate racismo e poder

16/11/2020 16:07 | Por Júlio Reis - DRT/BA 3352

Próximo debate do curso ocorre nesta quarta, 18, e tem como tema relações raciais no Brasil. Link de acesso já foi enviado por e-mail institucional aos participantes

Com o tema “racismo e poder”, a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA deu seguimento ao curso de Formação Interno sobre Relações Raciais que mira aprofundar ainda mais, entre defensores(as), servidores(as) e estagiários(as), sua cultura institucional antirracista. Realizada por meio virtual, o encontro teve ainda como gancho a pergunta: “negros também são racistas?”.

Mediado pela defensora pública e integrante do Grupo de Trabalho da Igualdade Racial da Defensoria, Elisa da Silva Alves, a aula contou com explanações do defensor público de Goiás e membro da comissão étnico-racial da Associação Nacional de Defensores Públicos do Brasil, Salomão Rodrigues Neto, e da socióloga, ex-ouvidora-geral da DPE/BA e reconhecida ativista do movimento de mulheres negras, Vilma Reis.

Em sua exposição, Salomão Rodrigues destacou a função do Direito como instrumento de poder responsável por perpetuar e dar novas roupagens ao racismo desde a época escravagista ao criminalizar a população negra e a excluir de política públicas, relegando a mesma à condição de subalternidade e rebaixamento.

“Não existe racismo fora de uma relação de poder. Racismo é mais do que um ato isolado de violência e opressão, não é um evento. Faz parte de toda uma construção histórica e política montada por um sistema em que alguns poucos são beneficiados e outros muitos prejudicados socialmente. Assim, a construção do Direito e do Sistema de Justiça é muito relevante para realizar estes fins”, afirmou Salomão Rodrigues.

Para Vilma Reis é preciso ampliar as políticas de ações afirmativas e o espaço das mulheres negras nas diversas instituições. Vilma destacou que embora o mito da igualdade racial no país tenha sido desmontado, é preciso qualificar a democracia brasileira e, nesse sentido, as Defensorias cumprem um papel relevante por sua missão contramajoritária, que se coloca à serviço do povo e dos excluídos da sociedade.

“A gente precisa ter um mecanismo muito forte do enfrentamento do racismo, não há lugar mais forte para fazer isso que não o Sistema de Justiça. É preciso que mulheres negras cheguem no topo das instituições. E não há outro lugar e outro ente no Sistema de Justiça para começar esta mudança que não seja a Defensoria, pelo frescor desta Instituição que ainda está se formando e em disputa. Assim podemos ir desmontando o racismo sistêmico” afirmou Vilma Reis.

Respondendo à pergunta provocada na aula que ocorreu na última quarta-feira, 11, Vilma Reis destacou que não há “racismo reverso” e, portanto, negros não são racistas, uma vez que os negros seguem sendo os desfavorecidos por políticas de privilégios mantidas em favor dos brancos pelas estruturas de poder da sociedade.

O próximo debate do curso de formação ocorre nesta quarta-feira, 18, e tem como tema relações raciais no Brasil e o título “Não vejo a cor, só vejo a pessoa”. O encontro ocorrerá por meio do Google Meet e o link já foi enviado por e-mail institucional.