COMUNICAÇÃO
Semana da Defensoria 2023 – “Deficiência não é problema para procurar conserto”, reitera Ivan Baron
O influenciador digital foi um dos convidados a contribuir com o debate sobre anticapacitismo no primeiro dia do evento em celebração à Defensoria Pública na Bahia
As reflexões sobre parentalidade atípica e práticas anticapacitistas deram a tônica da primeira tarde de discussões da Semana da Defensoria 2023. O evento, promovido pela Defensoria Pública da Bahia, celebra o modelo brasileiro de assistência jurídica gratuita e acontece no Centro de Convenções da Bahia com uma programação voltada para refletir a promoção da cidadania das pessoas com deficiência-PCD. O influenciador Ivan Baron foi um dos convidados a contribuir com o debate nesta quinta-feira, 18.
Em sua fala, o jovem potiguar falou sobre autoestima, solidão e sua trajetória de luta como pessoa com deficiência. Ivan foi acometido por uma infecção alimentar, a meningite viral, quando tinha 3 anos de idade. A doença deixou como consequência a paralisia cerebral, que ocasionou deficiência física e mobilidade reduzida. Na posse do presidente Lula, o influenciador digital foi um dos representantes do povo brasileiro escolhido para fazer a entrega da faixa por seu protagonismo na pauta das pessoas com deficiências.
“Quando falamos de inclusão, é preciso entender que a acessibilidade vem de fora pra dentro. Os pensamentos, as atitudes, a sociedade como um todo precisa mudar para nos receber”, afirmou Baron, que destacou ainda o papel da Defensoria Pública na luta contra o capacitismo. “Vocês como defensores e defensoras públicas precisam nos ajudar a difundir o conceito de capacitismo e lutar contra essa forma de violência que atinge nossos corpos”, reforçou.
Também presente na mesa que discutiu práticas anticapacitistas, a estagiária residente da DPE/BA Ana Luiza Souza e as defensoras públicas Fabiana Miranda e Carla Alonso destacaram a importância de que todas as pessoas estejam envolvidas no combate ao capacitismo. “Para que se combata o capacitismo, é preciso que a sociedade se reconheça como preconceituosa e discriminadora. Essa luta não pode ser apenas das pessoas com deficiência”, afirma Carla Alonso, que é uma pessoa com baixa visão.
Parentalidade atípica
Mediada pela defensora Cláudia Ferraz com falas de Ludmilla Valverde, Patrícia Teodolina e Luiz Carlos Sales, a mesa Parentalidade Atípica discutiu com as pessoas presentes as dificuldades enfrentadas pelos pais e mães de pessoas com deficiência para garantir direitos e a cidadania dos seus filhos(as). O acesso à educação e a tratamentos de saúde foram os principais entraves relatados pelos palestrantes, que também chamaram atenção para a importância de construção de redes de apoio e de expandir as formas de pensar “fora da caixinha”.
Em Santo Amaro, o ativismo encabeçado por Ludmilla a partir de sua experiência com o filho autista resultou na criação do Grupo GASA, que reúne 177 pessoas com transtorno do espectro autista em luta pela garantia de direitos no município. Já no caso de Patrícia Teodolina, o ativismo deu origem ao Projeto Fama, uma associação sem fins lucrativos criada em 2014 com foco na inclusão de pessoas autistas. O projeto é parceiro da Defensoria, que garante vagas de estágio na instituição para que os jovens possam obter experiência e inclusão no mercado de trabalho.
Além de possuir defensora pública titular para atuar na defesa e promoção dos direitos das pessoas com deficiência, Cláudia Ferraz, a DPE/BA tem implementado uma série de iniciativas para garantir o acesso à justiça para esse público. A instituição conta com Central de Libras, Política de Acessibilidade, Programa de Estágio Especial para pessoas com Transtorno do Espectro Autista, lançou uma cartilha em Braille sobre direitos dos PCDs e, nesta quinta-feira, assinou um protocolo de intenções com a promoção de políticas públicas para o segmento.