COMUNICAÇÃO
Seminário da Visibilidade Trans discute perspectivas para a população LGBT na Bahia
Evento discutiu a importância de lançar luz sobre as pessoas invisibilizadas e de instituições que atuam em defesa das pessoas trans
O auditório da Esdep recebeu, nesta sexta-feira, 24, o Seminário Visibilidade Trans 2020 – evento realizado pela Defensoria Pública do Estado da Bahia para discutir a realidade, desafios e perspectivas da população LGBT. O evento é realizado em homenagem ao Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado em 29 de janeiro para marcar a luta das pessoas travestis e transexuais na sociedade brasileira.
Durante a mesa de abertura, o defensor público geral, Rafson Ximenes, comentou o cenário atual do país e os discursos que atacam parcelas da população – em especial as pessoas LGBT. “O discurso de berço de quem está no poder hoje é homofóbico. Isso pode parecer um sinal de que devemos parar, desistir ou diminuir a intensidade do que a gente faz, mas não é. É exatamente o contrário”.
O defensor-geral também destacou ações realizadas pela instituição em defesa das pessoas trans, entre elas o lançamento da cartilha de abordagem policial com recomendações sobre como abordar este público, e ressaltou a importância de atuar para garantir a visibilidade. “A atuação da Defensoria que vem dando resultado. E para mim, não tem dúvidas de que estamos no caminho certo”.
A abertura foi composta também pela ouvidora-geral da DPE/BA, Sirlene Assis, e pelas coordenadoras da Especializada de Direitos Humanos e Itinerante, Lívia Almeida e Eva Rodrigues.
Na ocasião, Lívia Almeida destacou a importância da instituição atuar em prol da visibilidade trans. “A gente não tem lugar de fala, mas somos aliadas. Pela oportunidade que temos de estar na coordenação, podemos abrir portas para vocês falarem por si. Esperamos que mais pessoas ocupem a Defensoria e sintam-se representadas por ela”.
Seminário
Presidente da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais, Keila Simpson refletiu sobre as perspectivas e a diversidade existente entre pessoas LGBT. “A gente precisa compreender e alcançar essa diversidade que está além desse nome. A bandeira das pessoas trans é o seu próprio corpo e qualquer pessoa pode buscar o direito de levantar a própria bandeira”.
Keila pontuou a inexistência de políticas públicas para as pessoas LGBT, a importância de lançar iniciativas duradouras e comentou ainda sobre o impacto do seminário e de instituições que buscam lançar luz sobre as pessoas invisibilizadas. “Sabemos que a Defensoria não está atuando apenas por conta do Dia da Visbilidade Trans, mas pelo compromisso da instituição com pessoas transexuais. É nessa perspectiva que temos que caminhar: lançando luz a atores novos para dar visibilidade ao que queremos”.
Estudante de psicologia, Dhan Tripodi é homem trans e compartilhou a própria experiência diante de questões como a masculinidade e o cuidado especial a saúde mental. “As pessoas não sabem nem o que é um homem trans e precisamos sempre estar falando sobre isso. É exaustivo e debilita a nossa saúde mental”, desabafou. “A gente precisa visibilizar os homens trans, coloca-los nas possibilidades afetivas e sociais, fazer com que a gente exista mesmo”, completou o estudante.
A primeira parte do Seminário – Visibilidade Trans 2020 foi mediada pela educadora social e estudante de pedagogia, Paulete Furacão. A mesa foi composta ainda por Milena Passos, presidenta da Associação de Travestis e Transexuais de Salvador – Atras; Thiffany Odara, pedagoga e educadora social no Casarão da Diversidade; Symmy Larrat, coordenadora do Casarão da Diversidade; e Thaylor Mendes, graduando em Desenho e Plástica.