COMUNICAÇÃO
Templos religiosos em Salvador são visitados por defensores públicos da Comissão de Direitos Humanos
Uma mesquita e um terreiro. O que esses espaços têm em comum? São os locais onde são realizados os cultos da religião islâmica e do candomblé, respectivamente. Seguidores dessas crenças, frequentemente, são vítimas da intolerância religiosa que se manifesta em casos de violência física, humilhações recorrentes e no isolamento social por medo de represálias. Para entender as particularidades dessa realidade, defensores públicos integrantes da Comissão de Direitos Humanos do CONDEGE (Colégio Nacional de Defensores Públicos-Gerais) visitaram nesta sexta-feira, 10, o Centro Cultural Islâmico da Bahia e o Ilê Axé Opó Afonjá.
Levar os ensinamentos da religião islâmica ao povo baiano é uma das tarefas a que se dedica Sheikh Ahmad Abdul no Centro Islâmico, através de seminários e atividades sociais, ao lado do ensino da língua árabe. "A nossa religião é de integração e para a paz. É triste quando as pessoas desvirtuam tudo", disse ele. Segundo o diretor do Instituto Latino Americano de Estudos Islâmicos – ILAEI – Filial Bahia, Marcelo Menezes, a conversão de brasileiros ao islamismo começou na década de 90, e estados como Pernambuco, Sergipe, Ceará, e Bahia já tem muitos adeptos da religião.
A ex-estagiária de Direito da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, Quezia Barreto, segue a religião islâmica e sofre diariamente com atitudes provenientes da intolerância religiosa: "Comecei a estudar a religião em 2013 e me converti em 2014. Sou a única muçulmana na minha família e não tenho aceitação até hoje. Faço parte do grupo de três minorias: mulher, negra e muçulmana". Quezia relatou um episódio no qual sofreu constrangimento ao recusar um panfleto dentro de um ônibus. De acordo com ela, o rapaz começou a gritar que a sua religião tinha o objetivo de explodir o mundo e todos a sua volta começaram a olha-la de forma desconfiada.
A ialorixá Mãe Stella de Oxóssi, 91 anos, é responsável por uma biblioteca itinerante que conta com cerca de 300 títulos que abordam curiosidades de todas as religiões. "Nós queremos a compreensão, o respeito, um ajudando o outro de forma boa. Não se pode discriminar o que não se conhece. Por isso, fazemos todo o esforço para que as pessoas saibam do que se trata", pontuou.
Para a subcoordenadora da Especializada de Direitos Humanos da DPE/BA, Eva Rodrigues, é preciso estreitar os laços entre as entidades religiosas e a Defensoria Pública para que o combate à intolerância religiosa possa ser feita de uma forma mais efetiva.
REUNIÃO DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DO CONDEGE
"Os defensores públicos gerais de alguns estados enviaram representantes fortalecendo o trabalho da Comissão e permitindo que nós pudéssemos pensar em atuações em âmbito nacional como um Protocolo a orientar os colegas nas hipóteses de prática de tortura e tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes", disse o coordenador da Comissão de Direitos Humanos do CONDEGE, Fábio Amado (DPE/RJ).
Ainda de acordo com Fábio, houve uma colaboração expressiva de cada membro da Defensoria Pública do Estado e dos membros da Defensoria Pública da União que participaram, vislumbrando a construção de uma política institucional nacional na atuação firme, estratégica e consistente da promoção, proteção e defesa dos Direitos Humanos.
Ainda na tarde da quarta-feira, 10, o defensor público geral da Defensoria Pública da Bahia e coordenador geral das Comissões Temáticas do CONDEGE, Clériston Cavalcante, recebeu os membros da Comissão em uma reunião.