COMUNICAÇÃO
Tolerância religiosa é tema de palestra na ESDEP
A ótica muçulmana sobre o tema foi o enfoque
Fundamentalismo religioso, respeito à pluralidade, o papel do Estado, direitos e nuances da prática religiosa foram alguns dos temas discutidos nesta segunda-feira, 30, no auditório da Escola Superior da Defensoria Pública do Estado da Bahia – ESDEP. O evento Tolerância e Convivência: a visão islâmica foi promovido pelo Instituto Latino Americano de Estudos Islâmicos – ILAEI e teve o apoio da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA e da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB.
Para o professor doutor em Estudos Islâmicos, reitor da Universidade de Chariá, do Kuait e o imam (líder religioso) da grande Mesquita do Estado do Kuait, Waleed al-Ali, a sociedade brasileira de uma forma geral convive de forma pacífica com a pluralidade religiosa. "Depois de visitar mais de 50 países indo do Oriente ao Ocidente vejo que no Brasil é permitido que cada pessoa siga sua prática religiosa. Claro que existem fenômenos negativos, mas não podemos generalizar. Não podemos atribuir um ato isolado ao povo brasileiro", disse Waleed al-Ali.
Em relação ao decreto assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impede a entrada de cidadãos de sete países (Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen), incluindo os estrangeiros com residência permanente assegurada "green card", Waleed al-Ali disse que a decisão enraíza a discriminação entre os povos e as religiões.
"A melhor forma de combate a intolerância religiosa é a informação. Tanto de forma ampla na sociedade como dentro de cada religião. Para que as pessoas não reproduzam a violência e para que saibam se defender caso sejam vítimas", destacou o defensor público e coordenador do Grupo de Trabalho de Religiões de Matriz Africana da Defensoria Pública da Bahia, Felipe Noya. O GT tem por objetivo concentrar estudos, elaborar projetos e orientar a atuação da DPE/BA na tutela dos povos de terreiros, em especial no combate à discriminação religiosa e a regularização tributária e fundiárias dos espaços, não se constituindo, no entanto em órgão de execução.
A presidente da Comissão Especial de Combate à Intolerância Religiosa da OAB-BA, Maira Vida, fez um alerta acerca da importância do assunto debatido: "Intolerância religiosa não é brincadeira. Brincadeira é engraçado para todo mundo e não para um só. Não tem essa de ponto de vista. Essa situação não pode ser reduzida a injúria, calúnia ou difamação. Também não pode ser considerado liberdade de expressão quando na verdade o que acontece é uma opressão".