COMUNICAÇÃO
Toré celebra lançamento do Balcão de Direitos da Defensoria em Itabuna
A participação dos representantes das comunidades indígenas do Sul da Bahia deu o tom da solenidade de lançamento do Balcão de Direitos da Defensoria Pública da Bahia, na sede da Faculdade de Tecnologias e Ciências, em Itabuna, Sul da Bahia, ontem, quinta, 10. O marco foi a demonstração do toré, que, conforme esclareceu um dos membros Pataxó Hã Hã Hãe para os presentes, é um ritual que faz parte da vida do índio.
"Se a gente tem vitória, a gente dança. Se tem derrota, a gente dança. Se tem tarefa difícil, a gente dança. A gente acaba encontrando um caminho no ritual", disse um dos índios ao finalizar o toré que emocionou defensores e convidados no encerramento da cerimônia. A dança ritmada por sons de maracas e as falas dos representantes dos povos indígenas foram suficientes para colocá-los em foco, como personagens principais do ato prestigiado pela defensora geral, Tereza Cristina Almeida Ferreira, pela subcoordenadora das Defensorias Regionais, Janaína Canário, pela subcoordenadora da Defensoria Especializada de Defesa dos Direitos Humanos, Firmiane Venâncio, presidente da Associação dos Defensores Públicos, Laura Amaral Fagury, entre outras autoridades.
Após a entoação do Hino Nacional, o primeiro a se pronunciar foi o subcoordenador da Defensoria Regional de Itabuna, Walter Fonseca, que falou do significado do projeto para a instituição na região. O defensor descreveu as ações desenvolvidas pela Regional, a exemplo dos mutirões que realizou, mostrando a importância de se estar possibilitando o processo de inclusão social e jurídica destes povos, como um grande passo para a 4ª Regional.
A subcoordenadora do núcleo de Direitos Humanos, Firmiane Venâncio, destacou o grande desafio a partir deste lançamento: implementar o Balcão de Direitos. "Este projeto simboliza a nova forma de atuar da Defensoria. Oferecer este atendimento de forma gratuita não é um favor que fazemos. Este é o nosso dever", disse, agradecendo o acolhimento que os defensores tiveram pelas comunidades.
A cacique Ilza Rodrigues, ao fazer seu discurso como representante dos Pataxós e Pataxós Hã Hã Hães (comunidades alvo do projeto), deu ciência a todos dos problemas enfrentados pelos povos indígenas. "Queremos buscar aquilo que temos direito. Queremos andar com as nossas próprias pernas. Temos uma demanda grande por conta do sofrimento e da discriminação", falou citando o direito à pensão, à aposentadoria, ao registro do nome na própria língua, que necessitam. "Estamos neste compromisso. Cada um tem um jeito diferente de ser, mas vamos gritar junto com vocês também".
Aroldo Heleno, do Conselho Indigenista Missionário, disse que este é um projeto inédito, que vai ajudar no resgate histórico das dívidas dos brasileiros com estes povos. A defensora geral, Tereza Cristina Ferreira, ressaltou o compromisso ideológico da instituição de estar ao lado daqueles que mais precisam de Justiça. "Temos uma crença maior, um sentimento de Justiça. A Secretaria de Direitos Humanos da presidência acreditou nisso e permitiu que este projeto acontecesse" disse ao anunciar a inauguração da Regional de Ilhéus que ocorrerá em breve e irá intensificar o atendimento da Defensoria na região.
Depois da fala da defensora geral, o toré apresentado pelos índios deixou a impressão nos presentes de que aquele era um momento importante para as comunidades indígenas da região, o que foi confirmado por um dos seus membros ao explicar seu significado. Sempre em roda, os Pataxós Hã Hã Hãe dançaram em passos ritmados, ao som de maracas e da alternância de vozes: "Na minha aldeia tem fé, tem água, tem ar, tem raiz para curar/Eu venho do mar, eu venho da terra/". Encerrou de forma bem indígena e celebrativa o momento.