COMUNICAÇÃO
UAUÁ – Unidade Móvel da Defensoria segue rota pelo sertão e atende a 90 moradores durante parada na cidade
A visita da Defensoria movimentou a Praça São João Batista, no centro da cidade
A rota da Unidade Móvel de Atendimento da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA pelo sertão da Bahia continua. Depois de atender na zona rural de Juazeiro, a UMA avançou mais 125 quilômetros e atendeu aos moradores de Uauá nesta quinta-feira, 9. Durante a atuação da Defensoria na cidade, foram registrados 90 atendimentos.
“Eu estou aqui na praça, no caminhão da Defensoria”, anunciava, pelo telefone, a dona de casa Joandira Moura, 62 anos. E a visita da Defensoria movimentou mesmo a Praça São João Batista, no centro da cidade. Só a família de dona Joandira veio “em peso”: “trouxemos quase todos os irmãos para fazer o exame de DNA e descobrirmos se temos mais um irmão”. O aposentado Antonio Hildebrando Cardoso, 68 anos, seguiu a rota da UMA e veio de Juazeiro para fazer o exame em Uauá, onde residem os supostos irmãos. “Há 36 anos, o nosso sangue falou mais alto e começamos a perceber que ele era nosso irmão”, lembrou a dona de casa. “Meu aniversário é daqui a 18 dias e, só em me proporcionar a chance de reunir os possíveis irmãos e fazer este exame, a Defensoria está me dando um presente”, comemorou o aposentado, que não escondia a ansiedade pelo resultado, que deverá ser entregue em um prazo de até 60 dias.
Outra família que também veio “em peso” foi a da dona de casa Juscelma Almeida dos Santos, 41 anos, que precisava retificar o nome da mãe em todos os documentos: “todos os filhos saíram com o nome Angelica, ao invés de Angelina, nos documentos. Trocaram a letra n pela letra c”. “Esse erro veio de quando nascemos, nossa certidão de nascimento veio assim e, por consequência, todos os documentos foram tirados assim também”, explicou o irmão Paulo Sérgio Santos. “Chegou a hora de corrigir, pois é um erro que vai passando para cada geração da família. Além de nós, filhos, os nossos filhos também trazem este erro no documento, na parte que consta a avó materna”, acrescentou a irmã Maria do Carmo Santos, enquanto aguardava atendimentos.
Por falar em certidão de nascimento, a da pequena L.B.C.S., de 5 anos, agora terá também o nome do pai. O balconista de açougue Daniel Dias retornou de São Paulo há 15 dias e aproveitou a visita da Defensoria à cidade para reconhecer, espontaneamente, a paternidade da menina. “Não tenho dúvida que ela é minha filha, mas fui embora para São Paulo trabalhar e, nestes cinco anos, fui adiando e o tempo foi passando. Agora, resolvi voltar e a oportunidade de reconhecê-la bateu em minha porta com a visita de vocês”, agradeceu o pai.
Se o balconista não precisou nem fazer exame de DNA, o lavrador Juarez Rocha preferiu tirar a dúvida e aceitou o convite da suposta filha para realizarem a coleta do material genético. E foi na Unidade Móvel da Defensoria que eles se encontraram pela primeira vez. “Há uns três anos, descobri que ele pode ser meu pai e, de lá para cá, só nos falamos por telefone. Hoje que estamos nos conhecendo pessoalmente”, contou a cabelereira Mayane Silva, 25 anos, que se for confirmada como filha do lavrador, herdou a mesma cor dos olhos do pai.
Objetivo alcançado
De acordo com o coordenador da 5ª Regional da Defensoria – Juazeiro, André Lima Cerqueira, que foi quem solicitou a rota da Unidade Móvel pelas cidades de Juazeiro, Uauá e Canudos, são as resoluções extrajudiciais destas histórias que fazem com que o objetivo da UMA seja alcançado. “A Unidade Móvel leva a Defensoria para mais perto daqueles que precisam, ou para reforçar a nossa atuação em lugares em que temos sede fixa, mas que os moradores da zona rural têm dificuldades financeiras para conseguirem se deslocar, como é o caso de Juazeiro, ou para cidades que ainda não contam com defensores públicos, como Uauá e Canudos”, destacou o coordenador, que, em Uauá, atuou com o defensor público de Senhor do Bonfim, José Victor Ataíde, e servidores de Salvador.
A rota da UMA pelo sertão continua amanhã, na cidade de Canudos, e o atendimento será realizado na Praça da Concha Acústica, localizada na Avenida Juscelino Kubitschek, no centro, das 8 às 12h e das 13h30 às 16h.