COMUNICAÇÃO
Unidade Móvel da Defensoria alcança 250 atendimentos no primeiro dia em Alagoinhas
Moradores do bairro Santa Isabel receberam a visita da Unidade Móvel nesta quinta, 10
Você já se imaginou sem sobrenome? Com a sensação de não carregar a história da sua família? De todos estranharem o seu registro de nascimento por conter apenas um único nome? A diarista Márcia sabe bem o que é isso há 37 anos, pois foi registrada sem sobrenome. Apenas Márcia. “Meu sonho é levar o Santos, de minha mãe, em meu nome”, contou. Ela foi uma das cerca de 250 pessoas que foram atendidas nesta quinta- feira, 10, na Unidade Móvel de Atendimento da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, estacionada na Praça Santa Isabel, em Alagoinhas.
“Foi um dia muito produtivo, no qual fizemos a prospecção das carências locais. Viemos com a Unidade Móvel para dar um suporte à unidade defensorial que já existe e que tem uma demanda alta, pois só tem uma defensora pública na comarca. Isso reflete a capacidade que a Defensoria Pública tem de, através desta Unidade Móvel, dar apoio às unidades fixas existentes”, ressaltou o coordenador da Unidade Móvel, Márcio Marcílio.
“É uma realização pessoal, mas, sobretudo, social recebermos a Unidade Móvel na comarca de Alagoinhas, que é enorme. A Defensoria Pública tem, cada vez mais, alcançado maior notoriedade e isso implica em maior procura por defensores, como pudemos perceber aqui hoje com o número de atendimentos e diversidade de temas. Saímos com a sensação de dever cumprido por ter promovido a cidadania e informado à população sobre os seus direitos”, comemorou a defensora pública titular de Alagoinhas, Camile Morais.
Além dos servidores e estagiários que atuam na comarca de Alagoinhas, o atendimento contou com a participação da equipe da 1a Regional – Feira de Santana, incluindo o subcoordenador Marcelo Santana Rocha e o defensor público Manuel Portela Jr.
Morador da mesma rua da praça onde foi realizada a itinerância, o pequeno Vitor Bittencourt ficou encantado com a chegada da Unidade Móvel. Parecia que seus carrinhos de brinquedo ficaram gigantes. “Nunca vi um caminhão tão legal como esse. Eu tenho um, mas é pequenininho”, contou, enquanto observava a montagem da estrutura. “Eu estava brincando com meu primo e, sem querer, ele me deu uma pedrada. Tomei cinco pontos na testa. Isso resolve aí?”, indagou o menino.
Casos
O “caso” do pequeno Vitor não tinha como resolver, pois foi uma brincadeira de criança, mas o da autônoma Lucivane Santos teve: ela foi com o ex-marido para definir a questão do divórcio. “Já temos 15 anos separados, mas nunca tratamos do divórcio. Agora, surgiu a oportunidade e a hora é essa”, contou ela, que ficou em dúvida se mudaria ou não o sobrenome, mas optou por deixar e teve o incentivo do ex-marido.
Já a vendedora Lucimara Rodrigues, 30 anos, perdeu o irmão há três meses e, agora, luta para obter o alvará de autorização para saque do valor que ele deixou na conta bancária. E esta foi uma preocupação que ele quando ainda estava internado. “No leito do hospital, perto de morrer, ele falou a senha do banco, mas como já estava delirando, não disse a senha correta. Se não corrermos atrás, o banco vai comer. Minha mãe tá precisando deste dinheiro”, revelou.
Quem também perdeu uma pessoa querida foi a técnica em segurança do trabalho, Josimara Carvalho, 44 anos, que, ao saber da visita da Unidade Móvel em Alagoinhas reuniu todos os documentos necessários para dar entrada no processo de guarda da pequena Helen Samara: “a mãe dela era minha amiga e faleceu quando ela tinha 7 meses. É um amor que vem desde a barriga da mãe e o nome, inclusive, foi um pedido que fiz para ela. Eu seria a madrinha, mas Deus colocou ela no mundo para ser minha filha”.
Como uma boa filha e boa mãe, a operadora de caixa Daiane Lima Fraga, 25 anos, chegou na vida da família com dois meses e, agora, luta para que os nomes dos pais adotivos sejam incluídos na certidão de nascimento da filha. “Ela fala desde sempre que é uma Lima Fraga e já assina assim. Aí ouvi no rádio que a Defensoria Pública estaria aqui, mais próxima da gente, e aproveitei para solicitar esta inclusão, pois, atualmente os nomes dos avós maternos aparecem como ignorados”.