O projeto Mãos que reciclam dá o suporte necessário para os trabalhadores

Em Vitória da Conquista, o olhar sensível da equipe da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA possibilitou pessoas que trabalhavam na coleta de resíduos sólidos sem organização e seus equipamentos de segurança a terem uma nova perspectiva de vida. Através do projeto Mãos que Reciclam, os trabalhadores puderam se organizar e hoje integram a Associação de Coletores de Resíduos Sólidos Recicláveis – Acres.

Idealizado pela defensora pública Kaliany Gonzaga a partir da observação de casos de assistidos que faziam coleta sem quaisquer equipamentos, o Mãos que Reciclam surgiu com a proposta de contribuir para a criação de uma associação e dar o suporte necessário, inclusive jurídico, para a implantação da reciclagem em condomínios, escolas, bares e restaurantes, apresentando as pessoas da associação para fazer as coletas, e também implantar ecopontos para coletas de materiais recicláveis.

De acordo com a defensora pública Kaliany Gonzaga, o projeto também se propõe a entrar em contato com as empresas que mais geram resíduos sólidos para que implantem a política reversa desses materiais; encontrar locais adequados para a venda dos produtos recolhidos pela Acres e identificar pontos de descarte inadequado de lixo em Vitória da Conquista.

O projeto Mãos que Reciclam ganhou espaço em diversos locais, como grandes escolas de Vitória da Conquista, a Expoconquista e, mais recentemente, no condomínio Green Ville, com a realização de três coletas nos dias 02,04 e 09 de abril. "A mudança no comportamento dos moradores das cercas de 250 casas do condomínio já foi notada. Agora eles já estão separando o lixo sólido do lixo úmido, após o trabalho de conscientização feito por mim e pela defensora pública Jeane Braga." disse Kaliany Gonzaga.

Entenda o caso

A situação das pessoas que trabalhavam sem organização na coleta de resíduos sólidos recicláveis sensibilizou a defensora pública Kaliany Gonzaga, que tomou a iniciativa de visitar a única cooperativa de reciclagem instalada até aquele momento na cidade a Recicla Conquista e, ao descobrir a realidade dos cooperados, observou que não havia espaço para os recicladores.

A Defensoria Pública, através da defensora pública Kaliany, deu então o suporte necessário para regularização da documentação de todos os trabalhadores, já que muitos estavam com os documentos desatualizados. Em 6 de maio de 2016, com a orientação jurídica da Defensoria foi lavrada à ata de fundação da Associação de Coletores de Resíduos Sólidos Recicláveis – Acres, que começou a funcionar, de fato, em 10 de agosto de 2016.

No final de 2016 os associados começaram a receber o carrinho para coleta, as blusas com a marca do projeto Mãos que Reciclam, além do material de segurança composto por luvas e botas; materiais que foram doados por patrocinadores locais. A Defensoria espera que esse projeto efetivamente modifique a vida das pessoas trazendo dignidade aos associados.

A defensora pública Josefina Marques, da área criminal em Vitória da Conquista, se tornou atuante no projeto, pois os recicladores eram companheiros de cidadãos encarcerados. "Cabe à Defensoria buscar a efetivação da Lei de Resíduos Sólidos, já que toda empresa deve ter a logística reversa dos resíduos por ela produzidos. É um caminhar diário, um grande aprendizado para todos nós." disse a defensora. Em sua opinião, esse projeto não é apenas da Defensoria, mas será um grande instrumento de transformação efetiva da vida dos recicladores bem como de toda a sociedade conquistense.

A iniciativa foi abraçada também pelo subcoordenador da 2º regional da Defensoria, sediado em Vitória da Conquista, Lúdio Rodrigues Bonfim, e pela defensora Jeane Braga. Também conquistou a psicóloga Kamila Santos, além de uma vasta equipe composta por: Taciana Miranda,Rita de Cássia dos Santos Pereira,Josefa Gonçalves Lima,Aderbal Ferreira Damasceno e André Echer.