COMUNICAÇÃO
Viver na rua é mais difícil para população LGBT
Discriminação. Violência. Preconceito. Exclusão. Tudo isso faz parte do dia a dia da população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) que vive em situação de rua. Para discutir essa realidade, aconteceu nesta quinta-feira, 6, no Centro de Referência de Assistência Social – CRAS Odorico Pereira, o V Encontro do Grupo de Estudos de População de Rua da Defensoria Pública do Estado da Bahia -DPE/BA, pela primeira vez em Feira de Santana. Vítima de abuso sexual por duas vezes, Açucena, travesti, compartilhou com os presentes sua experiência depois de viver durante 5 anos nas ruas. “Morar nas ruas já é perigoso, e o risco é maior ainda se for LGBT. Não estamos na rua porque queremos, mas porque não temos alternativa”, disse ela que atribuiu a exclusão da família por levá-la a ir para as ruas.
“Lutar contra a homofobia é lutar pela liberdade do afeto, pela liberdade de expressão”, defendeu o mestre em História e professor da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Kleber Simões. Ao final da sua exposição, um questionamento também foi feito por Kleber em razão do preconceito e das dificuldades diárias vividas pela população LGBT: “Saímos de um Setembro Amarelo que é uma campanha de combate ao suicídio. Já pararam para pensar quantas pessoas já se suicidaram por serem gays, lésbicas, transexuais e travestis?”.
Na ocasião, estiveram presentes defensores públicos, psicólogos, assistentes sociais, professores, representantes das secretarias municipais e sociedade civil. A defensora pública Fabiana Miranda, coordenadora da Equipe Pop Rua e do Grupo de Estudos de População de Rua, explicou que a iniciativa “é uma proposta de reflexão, de desabafo, de questionamentos para que se possa conhecer mais das pessoas em situação de rua, sobre os direitos e sobre as dificuldades de articular os direitos para elas”.
Também participaram do evento o subcoordenador da 1ª Regional, Marcelo Santana, e o defensor público Fábio Pereira que atua no município. “O Grupo de Estudo não tem só objetivo academicista, mas também buscar soluções a partir da vivência prática. Não posso falar de população LGBT em situação de rua sem ouvir dessas pessoas o que elas tem a dizer”, disse a professora Sandra Moreira, que também coordena o Grupo de Estudos de População de Rua da Defensoria Pública da Bahia.
De acordo com o representante do Movimento Nacional de População de Rua, Edcarlos Venâncio, o grupo atualmente está presente em 14 estados. Para ele, é de extrema importância espaços como o Grupo de Estudos no qual pessoas em situação de rua tem a chance de compartilhar suas experiências e serem ouvidas de forma igualitária: “Não existem saberes menores ou maiores existem saberes diferentes”.