Ser e existir – Luta e resistência da população LGBTQIA+ são destacadas em abertura de seminário
Por Ingrid Carmo DRT/BA 2499
Realizado de forma virtual, o Seminário “Pelo direito de ser e existir” foi realizado em dois dias e teve mais de 12 horas de duração
Na véspera do Dia Nacional do Orgulho LGBTQIA+, a Ouvidoria Cidadã da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA reuniu diversas vozes no Seminário “Pelo Direito de Ser e Existir”. Realizado em dois dias e com mais de 12 horas de duração, o seminário destacou a luta e a resistência desta população.
Na abertura do seminário, realizada na noite do último dia 24, a transmissão foi alvo de um ataque virtual e, mesmo assim, os participantes do evento não desistiram de discutir o tema. “Nunca foi fácil para nós. O nome do seminário [Ser e Existir] se torna mais potente diante desta atitude de pessoas LGBTfóbicas e preconceituosas que tentaram atrapalhar a nossa atividade. Fiquemos firmes!”, falou a drag queen, militante do movimento LGBTQIA+ e integrante da ONG Beco das Cores e do coletivo Drags da Prevenção, Petra da Bancada, durante a retomada da transmissão feita pela internet.
À frente da organização do seminário, que teve sua programação construída de forma coletiva, a ouvidora-geral da Defensoria, Sirlene Assis, destacou a luta, a resistência dos movimentos sociais e a necessidade de construção de políticas públicas de saúde, emprego, moradia e de todas as oportunidades possíveis em prol da reafirmação e da garantia dos direitos.
“A população LGBTQIA+ não tem nada de diferente dos heterossexuais, precisa viver com dignidade e tem o direito de ser e de existir. Não importa a orientação sexual, a identidade de gênero, somos todos brasileiros e, nós, da Ouvidoria Cidadã e da Defensoria, temos o papel de servir ao povo e estamos juntos nesta luta. Juntos somos muito mais”, destacou a ouvidora-geral, que também repudiou o ataque virtual e reforçou que “invasões como esta mostram a mentalidade pequena e mesquinha de quem ataca a população LGBTQIA+”.
Linguagem inclusiva: juntes, juntxs, junt@s
Representando o defensor-geral Rafson Saraiva Ximenes, o defensor público e coordenador da 7ª Regional da Defensoria (sediada em Camaçari) Daniel Soeiro, também repudiou o ataque e ressaltou que este é mais um tipo de violência contra a população LGBTQIA+.
“A violência seja ela física, psicológica ou virtual ela dói e machuca. Precisamos, cada vez mais, da mobilização e da atuação em Rede proporcionada por este Seminário. Estamos juntos, juntas e juntes nesta luta por ser e por existir e precisamos fazer com que o Brasil deixe o primeiro lugar na estatística do país que mais mata pessoas trans”, contou o defensor, que, em sua fala, fez referência à linguagem inclusiva que contempla todos os gêneros através das letras e símbolos ‘e’, ‘x’ ou ‘@’.
Sugerindo a adoção de medidas para punir as pessoas que, com frequência, estão realizando ataques virtuais nas lives, a presidente da União Nacional LGBTQIA+ – UNALGBT, integrante da Rede Sapatá e do Coletivo LesbiBahia, Lívia Ferreira, também destacou a realidade vivida por esta população. “Precisamos viver com dignidade, amor e harmonia. Enquanto outros buscam os mais diversos tipos de direitos, a população LGBTQIA+ ainda pede pelo direito de viver. Isso está previsto na Constituição, mas, diariamente, temos que resistir e lutar por isso”, desabafou.
Além dos representantes da Defensoria e da UNALGBT, a abertura do Seminário contou com as reflexões do superintendente de Direitos Humanos da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia – SJDHDS, Jones Carvalho, juiz de direito e presidente da Comissão LGBTIA+ do Poder Judiciário da Bahia, Mário Soares Caymmi Gomes, o deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da Assembleia Legislativa da Bahia – ALBA, Jacó Lula da Silva, e o ouvidor-geral da Defensoria Pública do Estado do Piauí – DPE/PI e representante do Conselho de Nacional de Ouvidorias das Defensorias Públicas, Djan Moreira.
E para fechar a abertura com chave de ouro, muitas cores e mostrar toda a potência da população LGBTQIA+, a drag queen Petra da Bancada fez uma performance dublando a música Como Nossos Pais, composta por Belchior e eternizada na voz de Elis Regina, e arrancou muitas palmas virtuais e elogios de quem estava acompanhando o seminário.
O vídeo, na íntegra, da abertura do Seminário estará disponível no canal da Defensoria Bahia no YouTube.