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Socióloga Vilma Reis tem militância reconhecida

Ouvidora-geral da Defensoria Pública, Vilma Reis tem trajetória de militância e pesquisa marcada pelo enfrentamento à discriminação

Referência em ações de garantia e ampliação de direitos das mulheres, jovens e da população negra em geral, a socióloga e ouvidora da Defensoria Pública da Bahia, Vilma Reis, 46 anos, recebe a medalha Zumbi dos Palmares. A solenidade ocorre nesta quarta-feira, 31, às 19h, no Plenário Cosme de Farias da Câmara de Vereadores de Salvador.

Homenagem proposta pelo vereador Sílvio Humberto (PSB), a honraria criada pela educadora Olívia Santana é a mais importante condecoração municipal concedida aos destaques na luta pelo combate ao racismo e intolerância e em prol da cultura afrodescendente. “Tenho honra e orgulho em poder reconhecer a atuação de outra militante. Vilma tem discurso e prática no comprometimento ao longo da vida com a promoção da igualdade de direitos, racial, de gênero e sexualidade”, afirma o vereador. A capacidade de conscientização e a sensibilidade de lidar com diferentes públicos são características da atuação da socióloga para a professora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e coordenadora executiva do Instituto de Educação para a Igualdade Racial e de Gênero (Iceafro), Maria Nazaré Mota de Lima: “Ela sempre foi um canal de amplificação e as pessoas reconhecem essa força e o fato de ela sempre aparecer nos momentos necessários”.

A trajetória da pesquisadora é inspiração para uma geração e negros e negras engajados no enfrentamento à discriminação. “Vilma é exemplo na produção intelectual e conduta ética. Denuncia o racismo institucional no âmbito da segurança pública, o sexismo, dentre outras formas de violência e inspira jovens a seguir a chama que ela acendeu”, diz a assistente social e doutoranda em estudos interdisciplinares sobre mulheres, gênero e feminismo da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Carla Akotirene.

Na academia, os trabalhos são reflexos da atuação fora desse universo: a monografia Operação Beiru, Falam as Mães dos que Tombaram (2001); a dissertação Atucaiados pelo Estado: As políticas de segurança pública implementadas nos bairros populares de Salvador e as representações dos gestores sobre jovens homens negros (2005); e a tese de doutorado, em andamento, Mulheres Negras – criminalizadas pelas mídias, violadas pelo Estado.

Os 32 anos de luta a faz colecionar admiradores em diversos segmentos. “Desde o final de 2010, ela nos defende. Na luta pela minha comunidade, peço, todos os dias, para ter a mesma força que ela. Não tem hora que eu ligue e não receba ajuda dela”, diz a representante do Quilombo Rio dos Macacos, Rosimeire dos Santos. Aos que acompanham e dividem os embates contra as diversas formas de opressão, fica a certeza da dedicação. “Ela é entrega 24 horas por dia. Fez da luta a existência na vida e tem a sabedoria de fazer disso um espaço de ensinamento e de aprendizado. E, pelo que conheço nesses mais de 20 anos de convívio, ela estende essa homenagem a atuação coletiva”, afirma a representante da Rede de Mulheres Negras da Bahia, Tânia Palma.

O reconhecimento também encontra reforço na referência espiritual de Vilma Reis, que é filha do Terreiro do Cobre. “Ela é incansável na luta contra a desigualdade no país. Se na nossa cidade existisse uma medalha mais importante para essa militância, ela merecia”, afirma a ialorixá do Cobre, Valnizia Pereira Bianch.

Com a vida marcada pela resistência desde a infância, Vilma Reis tem a consciência da necessidade da coletividade. “Somos fruto da militância de várias pessoas e damos continuidade inspirando outras. Não se faz luta sozinho. Fico feliz em fazer parte desse trabalho para chegarmos onde estamos e com a disponibilidade de aprender e ensinar para seguirmos construindo”, conclui a socióloga.